Compondo sua cena

Quando o assunto é sobre como criar belas imagens de arquitetura, nem sempre materiais super bem configurados ou resoluções altíssimas são suficientes. Muito vezes a chave para um bom render está na forma como compomos a cena, seja pelo enquadramento, altura do observador ou disposição dos elementos na imagem. Muitos desses conceitos vêm da fotografia e das artes visuais e que apesar de estarem presente em muitas das imagens dos grandes escritórios de representação gráfica, não devem ser tomadas como lei, mas quase sempre são ótimos pontos de partida. No post de hoje vamos falar sobre algumas delas. 

 

1 – Regra dos terços

A regra dos terços é uma das técnicas mais conhecidas em fotografia e umas das mais usadas e difundidas. Ela é muito simples, basta dividir a página em três seções, horizontal e verticalmente, criando nove quadrados. A partir daí, componha a imagem para que elementos importantes ou pontos focais fiquem ao longo das linhas ou em seus cruzamentos. 

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Imagem: Brick Visual

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É bastante comum colocar a linha do horizonte das cenas no terço inferior da divisão dos terços, em vez de diretamente no centro da imagem. Muitas vezes a presença do céu numa maior proporção trará uma maior leveza à composição e uma maior estabilidade visual. 

 

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Imagem: Brick Visual

A regra dos terços também funciona muito bem para cenas internas. Nesse caso, as linhas de perspectiva convergem no terço inferior direito da imagem e alinhamentos secundários ocorrem com outros elementos. Assim como a presença do céu é importante para cenas externas, não se deve omitir o plano do teto nas imagens de interiores, reserva-se assim um espaço dentro dos terços superiores.

 

2 – Trabalhe também com 1 ponto de fuga

Para configurar a perspectiva com apenas um ponto de fuga defina a câmera perpendicular a um plano principal de seu projeto (geralmente uma fachada)  gerando uma espécie de elevação renderizada. Embora esse tipo de composição possa parecer um pouco mais estático por ter um aspecto mais “clássico”, quando bem utilizado, pode servir tanto para enfatizar uma certa noção de monumentalidade como trazer uma sensação de maior moderação.

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Imagem: Arqui9

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3 – Centralização

Na maior parte das vezes, é difícil desenvolver uma cena com centralização, mas quando bem feita, é possível compor uma imagem bastante atraente. O ponto focal da imagem é colocado diretamente ao centro e é hierarquicamente mais forte que todos os outros elementos da composição.

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Imagem: Luxigon

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No exemplo acima, a imagem não é perfeitamente simétrica, mas ainda tem uma forte noção de equilíbrio. O contexto circundante é mais escuro, contrastando com o projeto, atraindo o olho para o centro da imagem. 

 

4 – Contexto como protagonista

Em alguns casos, trata-se menos da arquitetura e mais do contexto. Nessas situações, uma estratégia interessante é posicionar a linha do horizonte mais para baixo, dando bastante espaço à imagem do céu. O mesmo pode ser feito com o plano do solo movendo a linha do horizonte na imagem, enfatizando a paisagem e minimizando a arquitetura. Nesses casos é muito comum as imagens trazerem um discurso de sutileza e integração.

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Imagem: Aesthetica Studio

A paisagem e, mais especificamente, o céu e o contexto urbano agora têm um papel central nessa imagem, em vez de atuar como pano de fundo da arquitetura.

 

 

5 – Aproxime-se

Na maioria das vezes, as composições tentam enquadrar um grande número de objetos e pessoas, contando na mesma cena várias narrativas dentro do mesmo projeto. Entretanto, nem sempre essa é a única solução e às vezes focalizar numa parte específica, permite uma melhor composição e que o espectador se conecte melhor emocionalmente com uma história em específico. Então, em vez de sempre afastar a câmera cada vez mais longe para obter o máximo de informação possível, aproxime-se e foque em uma única ideia. 

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Imagem: Luxigon

 

6 – Corrigindo as verticais

O mundo real e a maior parte dos softwares de modelagem 3D funcionam com 3 pontos de fuga, fazendo com que as linhas verticais de determinado projeto apareça muitas vezes com uma leve inclinação. Porém os fotógrafos de arquitetura e artistas de visualização costumam seguir a convenção de 2 pontos de fuga por considerarem uma representação mais adequada de arquitetura, corrigindo assim as linhas verticais do objeto a ser apresentado. Essa técnica é muito simples de executar e adiciona um nível a mais de refinamento às suas imagens.

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Verticais não corrigidas
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Verticais corrigidas

Mais raramente, para edifícios mais verticalizados entretanto, a correção de 2 pontos de fuga nem sempre é interessante quando se busca enfatizar a altura ou a escala do edifício em relação às pessoas e o observador. Nesses casos as imagens em 3 ponto de fuga pode ser uma alternativa mais pertinente. 

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Imagem: Luxigon

REX+-+yongsan+R6+-+seoul,+kr-editado

 

 

7 – Não seja gigante

Por mais alto que você possa ser, não faça enquadramentos onde o observador esteja acima das escalas humanas ou das portas presentes no projeto. É sempre recomendável que a câmera esteja posicionada à altura de 1,40m a 1,60m, no nível dos olhos, para que seja possível uma melhor conexão do espectador à experiência de estar naquele espaço. 

 

 

 

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Horizonte à altura de 2m

 

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Horizonte à altura dos olhos

Ao compor uma cena, há muitas variáveis a serem consideradas, sendo a primeira vista uma tarefa quase desesperadora. As estratégias de composição descritas acima ajudam a simplificar esse processo e organizando melhor tantas variáveis, simplificando as escolhas e consequentemente otimizando seu tempo de trabalho. E assim como toda “regra” artística, elas podem ser quebradas e reinterpretadas quando bem conhecidas. A maioria das imagens desse post são de grandes escritórios de visualização arquitetônica e ficar atento a boas referências é sempre essencial.

 

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